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sábado, 19 de maio de 2012

Gustave Flaubert & Eça de Queirós: A realidade despida

O objetivo deste ensaio é aproximar a obra do escritor francês Gustave Flaubert com a obra do escritor português Eça de Queirós. Ambos representante do Realismo. Para tal artimanha e provocação selecionamos a obra "Madame Bovary" (Gustave Flaubert); e o "O Crime do Padre Amaro" (Eça de Queirós). Ambas as obras do Realismo. Porém nosso enfoque será nas protagonistas de cada romance: "Emma Bovary"; e "Amélia"
A segunda metade do século XIX é a época dourada do romance, associado ao triunfo social da burguesia. Em toda Europa os escritores descrevem com espírito crítico e realista a nova sociedade. O romance demonstra ser o gênero adequado para retratar a sociedade capitalista movida pelo poder e pelo dinheiro. Seus traços facilitam uma perspectiva ampla da psique humana.


Gustave Flaubert (1821-1880) Principal representante do Realismo, com estilo minucioso unido a qualidade da prosa e a precisão das descrições  à complexidade dos argumentos, são algumas das grandes qualidades deste escritor. Trabalhava com grande desenvolvimento seus personagens, daí o caráter psicológico dos mesmos. "um mergulho na alma humana".












José Maria Eça de Queirós (1845- 1900)- É considerado o mais importante nome do Realismo português.
O Realismo se manifesta em sua obra na questão da crítica a sociedade e seus costumes. Eça soube flagrar vários aspectos da sociedade lisboeta. Para isso utilizou a ironia sutil e os recursos descritivos.
Sua produção literária pode ser dividida em três fases, mas é na segunda fase que sua obra se encaixa melhor a ideologia da época. Nesta e´poca aflora um Eça maduro, com uma escrita massacrante denunciando escândalos desta sociedade burguesa. 


O Crime do Padre Amaro
Considerado um romance de tese onde o autor discute ideias e defende algumas proposições.
No romance, o maior questionamento é sobre o celibato clerical, e com isso, o autor critica a sociedade ao "todo", porque ele vai fundo questionando a fé, mostrando que a hipocrisia e a falsidade tem um poder muito forte e desvirtuoso. A partir do envolvimento entre Amaro e Amélia, Eça compõe o quadro social da vida provinciana, caracterizando a hipocrisia religiosa dos personagens e o ambiente medíocre da pequena cidade. Desse envolvimento, Amélia caba engravidando. Para não levantar suspeitas, Amaro leva Amélia para fora da cidade, quando a criança nasce, levam-a para uma "tecedeira de anjo", assim são chamadas, porque davam fim aos recém nascidos. Amélia morre depois de dar a luz a criança, logo em seguida a criança também morre. O padre Amaro, vive normalmente como se nada tivesse ocorrido, sempre ocultando seu pecado. 
Com esse enredo Eça desmonta o padrão religioso da época.






Garanto que todos estão pensando: onde há uma comparação entre Amélia e Emma? Pois Emma é uma mulher além do seu tempo. Rompe os padrões....
Pois vamos lá!!!!




Madame Bovary
Uma espécie de homenagem a Dom Quixote pela relação obsessiva da protagonista com os livros. E ao mesmo tempo uma crítica ao romantismo. Retrata sem piedade um caso de excesso de idealismo; Emma é esposa de um médico do campo, homem bom, mas comum. Ela alimenta sua fantasia com leituras de romances sentimentalistas que levam a uma série de infidelidades. No final, oprimida por suas dúvidas, Emma acaba se suicidando.
Entre seus tantos méritos o romance se destaca pela perfeição formal e estilística, pelo excelente retrato psicológico da personalidade feminina e pela forma desapaixonada e distante de descrever um tema aparentemente escandaloso: o Adultério.




Nossa comparação poderia ficar na questão do pecado? Costumes e padrões?  


Os dois romances se cruzam com características realistas muito peculiares como:


-Verossimilhança: Os argumentos se baseiam na realidade cotidiana com personagens comuns. Além disso, situam-se no contexto contemporâneo do autor e leitor.


-Presença do narrador onisciente: aquele que sabe tudo sobre a trama e os protagonistas.


-Sobriedade no estilo: Simples e sem complicações formais. O escritor busca antes de tudo a clareza e a exatidão.


E o protagonista em conflito com a sociedade cuja a solução quase sempre é o fracasso dele.


Bom, mas e amélia e Emma?


Emma e Amélia são próximas e ao mesmo tempo distantes.Vamos enaltecer aqui apenas a suas aproximação, que no contextos de ambas serem "românticas" Amélia sonhando com uma família feliz, idealizando um futuro sentimental estável. Já Emma movida pelos romances lidos, fez de sua vida semelhantemente a literatura um romance sentimental.
Mas ambas as personagens naufragam em seus ideais de vida. Imaginam, sonham, desejam semelhante vida romântica, porém são engolidas pelo caráter hipócrita de uma sociedade, que em fase de mutação, não consegue um estado fixo. Seus sonhos, desejos, são fracos diante da mentira e do caráter humano.
ambas as obras denotam uma crítica: Madame Bovary enfatiza esta crítica à família. Já O crime do Padre amaro descortina a igreja.
Ambas as obras mostram uma narrativa lenta com o tempo psicológico.
O universalismo e o Objetivismo são também marcas destes romances.


Bom, ficarei por aqui neste meu curto ensaio. Abordagens sei que são inúmeras de cada uma das obras


E gostaria de terminar meu estudo com uma singela provocação a nós leitores amargurados deste livro que se chama mundo:


"Que falta nos faz hoje um Eça de Queirós ou Um Gustave Flaubert!!!!Para descortinar, despir, desnudar.... entre tantas outras palavras que resumem o ato de não ocultar nossa realidade, de mostra-lá assim como ela é... e também mostrando a nossa nudez de alma: medos, anseios, desejos, e nosso caráter... Caráter humano. Sujeito a tantas dores e alegrias. Sujeito ao pecado e o perdão...
Queremos que nos arranque uma lágrima de sangue. E que essa lágrima possa ser a nossa redenção... Possa ser a estrela que faltava em nossa bandeira, que seja nosso brasão familiar, mas que nunca deixe de mostrar realidade assim como ela é...."










4 comentários:

  1. CARO DANILO!
    LEMBREI TAMBÉM DE ANA KARENINA,PERSONAGEM SOFRIDA QUE SE MATA NOS TRILHOS DE TREM,QUANDO DESCOBRE QUE OS COSTUMES DA ÉPOCA NÃO A DEIXARIAM TER SEU AMADO E QUE MESMO ESSE DELA SE ENVERGONHARIA E NÃO PODERIA SAIR DE MÃOS DADAS PELA RUA,PORQUE ESSE SIMPLES GESTO OS TRAIRIA. ENTÃO A PROBLEMÁTICA DA INFIDELIDADE, DOS AMORES TORTUOSOS E DA HIPOCRISIA SOCIAL E AINDA DA DISCRIMINAÇÃO DA MULHER,TUDO ISSO DARIA INÚMERAS OPORTUNIDADES DE ENVEREDAR PELO ESTUDO DOS HÁBITOS E COSTUMES DE CADA CICLO OU PERÍODO DA HISTÓRIA. E A DAMA DAS CAMÉLIAS E KATY DO MORRO DOS VENTOS UIVANTES? TODAS TÃO SOFRIDAS,TÃO TORTURADAS PELA TIRANIA E DISCRIMINAÇÃO DE UMA SOCIEDADE IMPIEDOSA.
    ENFIM, AO HOMEM TODAS AS REGALIAS E À MULHER TODAS AS ACUSAÇÕES. SERÁ QUE ISSO ESTÁ, VERDADEIRAMENTE, MUDANDO?
    PARABÉNS PELO ESTUDO FEITO. APRECIO ESSE E TODOS OS DEMAIS. UM ABRAÇO.

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    1. Realmente devo concordar com voce!!!
      Só faltou nós citarmos a moça com olhos de ressaca...
      Capitu é uma grande figura...
      Mas o que vejo nas mulheres traduzidas na literatura é que sempre seguem uma ordem
      de 3...
      Eva; Maria e Maria Madalena. Explico
      Quando a mulher rompe com os padrões, se arisca; se entrega... ela é vista como Eva.
      Quando a mulher é um ser frágil, doce e fiel ela está mais para o lado de uma Maria
      Mas quando ela é vista como Maria Madala, que se entrega de corpo e alma à uma causa
      segue seu ideal, é perseguida durante a história... estas sim são as heroínas...
      Grato Pelas Palavras.
      Abraços.
      Danilo Pereira

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  2. Mil gracias por invitarme a conocer tan bella morada habitada por supremas letras dedicadas a tan insignes escritores . Besinos y feliz fin de semana.

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    1. Gracias por sus amables palabras ...
      Estoy muy feliz por mi forma de escribir para ser reconocido por una persona
      que en los grandes autores de su suelo como Cervantes, Lope de Vega, de la Barca, Francisco de Quevedo ... entre muchos otros.
      Agradecido. Y lo que es para nosotros que Cervantes escribió:
      "Estoy contenta con poco, pero siempre yo."
      Danilo Pereira

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