“Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de
um livro”.
Henry
Thoreau
No dia 27 de fevereiro, o mundo
estava totalmente absorvido e apreensivo para um evento que acontece
anualmente: O “Oscar”. Enquanto muitos debatiam quem ganharia o Oscar de melhor
filme; melhor direção; melhor ator e atriz; fiquei muito contente com a premiação
do curta- metragem de animação (que para mim, pelo fato de ser um curta não
infere nada a respeito dos outros filmes) me fascinou! E fascinou a todos aqueles
que amam os livros. O filme não tem nenhuma fala de personagens, porém o
diálogo vai além...
Com uma metáfora de livros como pássaros,
o Curta- metragem de Animação: “The Fastastic flying books of Mr. Morris
Lessmore” encantou a todos que ainda não conseguiram trocar o livro
expresso, com cheiro de natureza; de humanidade pelos E-Books com cheiro de
laboratório. Mas não nos deteremos em debater sobre os livros digitais, se eles
vão ou não substituir o livro expresso. Ou se são melhores, mais econômicos ou
sustentáveis. O fato é que os livros ainda sobrevivem e sobreviverão (não
importa a forma).
Assisti o Curta muitas vezes e a cada
vez que assisto tenho um arrebatamento diferente. “Catarse de um leitor
apaixonado e crítico”.
Uma parte que revivo intensamente
do curta, é a cena em que um livro encontra-se doente, desgastado pelo tempo. Quando
o homenzinho do Curta vai pegá-lo nas mãos, ele despedaça. A cena logo adiante
mostra o homem no exercício de um médico na sala de cirurgia, remendando e reconstruindo o livro. E depois
de reconstruído o livro, ele não dá nenhum sinal de vida. Estava morto. Porém
um engraçado livrinho azul sugere que o homem deve ler o livro para revivê-lo. O
Homem começa a ler algumas linhas e a vida volta a pulsar.
O porquê desta cena?
Pelo simples fato de acreditar que o livro só tem vida
mesmo quando é lido!!! Assim como nós! E
assim saberemos que quando abrirmos um livro estaremos dando pulsação para o mesmo.
Mas o que não percebemos é que nós (os leitores) é que estamos pulsando vida.
Estamos vivendo nossas inúmeras vidas a cada nova página.
E assitindo ao filme não pude esquecer esse rosto:
Trata-se do poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994).
Com uma linguagem neo-simbolista, Mário Quintana conciliava o humor com temas do cotiano. A infância , a vida, a morte, o amor eram temas favoritos para este grande poeta.
Seu rosto não me sai das cenas do filme, porém seus versos martelavam em minha mente de tal maneira que não pude deixar de revisitar sua obra . E suas palavras nos ensinam:
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Poemas; canções; contos; biografias; romances...
Não importa qual o tipo de literatura escrita nesses misteriosos seres que são
os livros. O importante é que em cada leitura você possa encontrar perguntas;
dúvidas; respostas; soluções; ilusões; angústias; alegrias; rebeldias;
descontentamentos; sofrimento; enfim, que você possa encontrar nos livros a
vida pulsando, pulando e gritando em cada página, por mais e mais caminhos
futuros e sonhos inigualáveis. Pois:
Das utopias
Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!
E por final vos deixo um “questionamento”
Qual o livro que te faz pulsar a vida! E qual vida você faz pulsar neste livro? Pois a cada leitura entendemos que somos muitos!!!
Documentário simplesmente fantástico, sensível que ao mesmo tempo nos faz refletir sobre algo tão sábio e sublime como "o livro”, que nas palavras de Florbela Espanca...
ResponderExcluir"Estranho livro aquele que escreveste,
Artista da saudade e do sofrer!
Estranho livro aquele em que puseste
Tudo o que eu sinto, sem poder dizer!"
Parabéns pela divulgação, pois muitas pessoas não compreendem a importância e o trabalho minucioso que um documentário deve ter.
Quanto ao poema de Mário Quintana ... sem palavras, ótima escolha!